15º. dia - 23/09 - SAHAGÚN
Pois é..., acabei vindo a SAHAGÚN . Saí de CARRIÓN às 07 h 45 min . Um ótimo horário - quando não está demasiado frio - pois é quando começa a clarear (no horário de verão). Dia excelente, sol e temperatura agradável. O único
problema é a própria distribuição da etapa. Ocorre que, ao sair de CARRIÓN há uma enorme extensão de planície reta (17,2 km) , até CALZADILLA DE LA CUEZA. Nesse trecho não há absolutamente nada, apenas horizonte que não acaba
nunca. Extremamente desgastante, física e psicologicamente. Um deserto verdadeiro, onde não há nem sequer um local para sentar, nem uma sombra. Resta caminhar e caminhar, até vencer os quilômetros. Finalmente, depois de 03
h e 15 min de caminhada ininterrupta, cheguei a CALZADILLA, um daqueles povoadinhos onde não se vê pessoas. Há apenas um bar, onde os desesperados peregrinos se abrigam, extenuados. Alí lanchei. Já estava decidido a prosseguir
até SAHAGÚN, uma vez que me certifiquei de que em TERRADILLOS não haveria opção de hospedagem, salvo um pequeno albergue particular. Essa convicção se tornou plena quando cheguei a TERRADILLOS e constatei se tratar de um dos
piores povoados do caminho, sem nenhuma atração histórica, parecendo uma cidade abandonada. O albergue, pequeno, é sujo e não oferece as mínimas condições de dignidade humana. Até surpreende que um guia como do EL PAÍS sugira
esse povoado como final de etapa !
Fiz apenas uma parada no albergue, onde lanchei (duas bananas e três laranjas) e prossegui, saindo de lá às 14 h 30 min.
Logo em seguida fiz uma parada para descanso em um banco
de praça em MORATINOS (a 3,3 km) e, de lá, segui sem intervalo até SAHAGÚN (mais 10 km), onde cheguei ao hostal LA CODORNIZ, às 17 h, completamente exaurido.

Acredito que o cansaço incomum se deva, além da extensão da jornada (40 km) , também ao fato de que os primeiros 17 km e os últimos 10 km foram "batidos", sem parada, o que não é recomendável. A experiência tem mostrado que
não se deve caminhar mais de 02 h ininterruptas na largada do dia, fazendo os intervalos, após, a cada hora. Além disso, a etapa não teve qualquer atrativo, o que influenciou negativamente no aspecto psicológico.
Minhas
pernas e pés exigem repouso, o que impede que faça qualquer passeio pela cidade. Estou escrevendo deitado. São agora 19 h 50 min e só sairei daqui para jantar no próprio restaurante do hotel, o que aqui na Espanha só é possível
a partir das 21 horas.
A propósito : quando cheguei ao hostal, além de exaurido pelo cansaço, também sentia-me enfraquecido pela precária alimentação do dia. Tanto assim que, banho tomado, e feito um repouso inicial,
desci logo ao bar, onde lanchei dois copos de suco de laranja, dois iogurtes e uma xícara de leite com chocolate.
Há previsão de chuva para amanhã (domingo), que espero não se confirme.